Estatisticamente, os óbitos por Covid-19 de jovens entre 0 a 19 anos não representam uma grande porcentagem (0,5% do total de vítimas mundiais).
No entanto, com a vacinação dos adultos e idosos em conjunto com o avanço da variante Delta, as taxas de hospitalização de crianças e adolescentes aumentaram em diversos países. Além disso, estudos apontam que 1 em cada 10 jovens que apresentam sintomas de Covid-19, os apresentam por vários meses, em um quadro de Covid longa.
No Brasil, a pandemia já fez 2500 vítimas entre 10 e 19 anos e atualmente é a maior causa de óbitos por doenças nessa faixa etária, fazendo do Brasil o segundo país no ranking de crianças vítimas da doença (atrás do Peru).
Estes fatos são importantes, pois esta faixa etária compreende uma grande porcentagem da população mundial. No Brasil, são 33% (69 milhões de jovens). No momento, poucos deste grupo estão vacinados, podendo transmitir o coronavírus e contribuir para o surgimento de novas variantes. Além disso, estudos apontam para uma maior taxa de mortalidade em jovens de populações vulneráveis.
Então porque só começamos a vacinar as crianças e adolescentes agora?
Inicialmente, os estudos foram feitos em maiores de 18 anos e não é possível extrapolar esses resultados. Os jovens ativam diferentes células do sistema imune e, por isso, para saber a eficácia e a segurança das vacinas são necessários estudos específicos.
Nesse sentido, a vacina da Pfizer/BioNTech foi testada no Reino Unido em menores de 16 anos, mostrando que a resposta imune foi similar à faixa etária de 16 a 25 anos e ninguém desenvolveu Covid-19 após ser vacinado. É a única aprovada pela Anvisa para vacinação de jovens no Brasil até o momento.
A Coronavac foi testada na China em jovens de 3 a 17 anos. Os resultados mostraram que é segura e mais eficaz do que em adultos e idosos.
As vacinas da Janssen e da Oxford/Astrazeneca estão sendo testadas no Brasil autorizadas pela Anvisa.
Nesse cenário, para ajudar a conter a pandemia, é extremamente importante incentivar os jovens a se vacinarem. Principalmente considerando o retorno às aulas presenciais, já que as escolas estão associadas a 3x mais surtos de Covid-19 quando comparadas a hospitais.
(Fontes: BBC, CNN, Nature, Johns Hopkins COVID Long Study, European Medicines Agency, Ministerio da Saude, Registro Civil, Sivep-Gripe, Butantan, Public Health, IBGE, UK Office of National Statistics, The Lancet Infectious Diseases)