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Bolhas de Proteção: a queda na curva epidêmica em São Paulo

Foto: BBC News 'Imunidade coletiva, bolhas de proteção ou distanciamento?'
Foto: BBC News 'Imunidade coletiva, bolhas de proteção ou distanciamento?'
Bolhas de proteção local podem ter freado Covid-19 em São Paulo

Neste estudo, utilizou-se o modelo MD Corona para simular a dinâmica da dispersão do vírus para a Cidade de São Paulo. Com base no Índice de Proteção à Covid-19 (IPC = 0,79 São Paulo - alto), na densidade demográfica da cidade (8.054,7 hab./km²) e considerando o índice de adesão ao isolamento social (histórico médio do isolamento) no Município de São Paulo divulgado pelo Portal “SP contra o novo coronavírus”, tivemos os seguintes resultados.

As simulações baseadas no modelo MD Corona do grupo Ação Covid-19 indicam que neste momento (dia 12 de Julho de 2020) estaria ocorrendo uma redução do número de casos e óbitos no Município de São Paulo, concordando com a tendência de desocupação dos leitos apresentada pelos dados oficiais do Estado (SP contra o novo coronavírus). Este resultado é contra-intuitivo, pois se esperaria que a abertura da economia, somada a uma leve queda do índice de distanciamento social, levasse ao aumento da curva de contaminação, uma vez que o município está longe de atingir a chamada imunidade coletiva (rebanho) (vide as pesquisas de soroprevalência realizadas no Município na segunda quinzena do mês de Junho).

Podem ser geradas dinâmicas locais num mesmo territórios causando novos surtos de contaminação (e imunização) numa mesma cidade. O vírus estaria sendo passado de locais e populações que já tiveram um certo contato com o vírus para outros agentes e locais onde isto ainda não ocorreu.
Foto: cottonbro www.pexels.com/pt-br/@cottonbro
Foto: cottonbro www.pexels.com/pt-br/@cottonbro
Bolhas de proteção ao contágio do coronavírus, isoladas por uma barreira de pessoas imunes.

O modelo indica que existem “bolhas de proteção” ao contágio do coronavírus, ou seja, apesar de existirem pessoas suscetíveis ao contágio pelo vírus, elas estariam isoladas por uma barreira de pessoas imunes. Outra forma de explicar este fenômeno seria a ideia de um esgotamento da rede de contágio do vírus mesmo após uma agudização inicial do surto pandêmico, porque o distanciamento social somado a práticas de prevenção do contágio (agora generalizadas na sociedade) garantiriam uma diminuição da velocidade de contágio ou mesmo a supressão do vírus no ambiente.

Mas dado o baixo número de pessoas imunes no sistema, essa redução configura um equilíbrio instável. Estas bolhas de proteção podem vir a estourar ou as redes podem ser reiniciadas, ou seja, novas ondas de contaminação podem ocorrer caso o isolamento social caia muito ou haja uma reintrodução do vírus em regiões da cidade onde poucos agentes foram contaminados e, portanto, não se tornaram imunes à doença. A previsão destes “estouros” é extremamente difícil sem uma política de testagem em massa da população nos diferentes distritos do Município.