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Em que momento da pandemia, na verdade, ainda estamos?

 O Brasil é o 2º país com mais óbitos, o 3º com mais infectados e o 4º que mais aplicou doses de imunizantes

 O Brasil é o 2º país com mais óbitos, o 3º com mais infectados e o 4º que mais aplicou doses de imunizantes

O Brasil tem 550 mil mortes decorrentes da COVID-19. A média móvel dos últimos sete dias é de 1100, que é o menor número desde 1º de março de 2021. É uma excelente notícia! Porém, não nos deixemos enganar por este otimismo: o número ainda é muito alto!

Seguimos uma tendência de queda nas últimas duas semanas, mostrando que as vacinas têm, de fato, efeito positivo em evitar as mortes pela doença. Ainda que estejamos avançando bem na questão da vacina, ainda falta muito para completarmos a imunização completa de toda a população. 

Também é positivo que nenhum estado do país tenha ocupação maior que 90% dos leitos de UTI no SUS. Isso mostra que as vacinas são efetivas não apenas para diminuir as mortes, mas também os efeitos graves da doença, que levam as pessoas a ficarem internadas por longos períodos e a enfrentarem sequelas da doença e internação. 

Estamos na terceira semana seguida de queda nesses dados, mais expressiva nos grupos prioritários. Segundo a Fiocruz, o número de casos e mortes vêm caindo 2% ao dia, mas ainda há uma taxa de letalidade de 3%, que é considerada alta. De acordo com o mapa desenvolvido pela instituição, a maior parte do país está com menos de 80% dos leitos ocupados (considerada ocupação média) e apenas 4 estados pouco acima de 80% (considerada alta).

Também nesta semana, o Imperial College disse que a taxa de transmissão no Brasil é de 0,88 (ou seja, 100 pessoas contaminadas transmitem a doença para outras 88), sendo a maior parte desta transmissão ainda entre os grupos que não foram vacinados. Quando este índice fica abaixo de 1 significa uma tendência de estabilização.

Esses números atuais mostram um alívio da segunda onda que o Brasil viveu entre março e abril deste ano. Contudo, não podemos esquecer que 1500 mortes por dia ainda superam, em muito, os dados da primeira onda no inverno do ano passado (Junho e Julho). Não devemos em hipótese alguma banalizar mais de mil mortes por dia sendo causadas por uma doença evitável e que já tem vacina. São mil homens, mulheres, crianças, avós, pais, mães, irmãos, sobrinhos, primos. Pessoas com sonhos, família e amigos que nos deixam saudosos.

Desde 20 de junho, o Brasil ocupa a primeira posição na média de novas mortes em comparação com outras nações que também tiveram números assustadores. É certo que o Brasil é um país gigante, continental, mas nosso número diário de mortes supera o que é registrado em continentes inteiros, como Europa, Oceania, África e América do Norte. Apenas Ásia e América Latina superam este dado. O Brasil ainda é líder com o maior número de novas mortes registrado, sendo maior que Índia e Rússia juntos.

Se relativizarmos os dados para a população do país, ainda assim o Brasil aparece como líder. Temos uma média de 6 mortes por milhão de habitantes, bem mais alto que o segundo lugar com 4 mortes por milhão (Peru).

É importante notar que o avanço da vacinação, embora evite muitas mortes e casos graves, não evita a transmissão da doença, o que significa que devemos continuar mantendo os cuidados como isolamento e uso de máscaras. A continuidade da transmissão faz surgir novas variantes e novas contaminações que levam a efeitos crônicos de longo prazo para a saúde dos infectados. 

Como bem ressaltou Zé Paulo Guedes, pesquisador do nosso coletivo: “embora haja uma melhora real nos indicadores, seguimos com o maior número diário de mortes por dia, em um patamar muito mais elevado do que nos picos da pandemia no ano passado.”